O que fazer?

Finalmente seu diagnóstico foi fechado. Isso significa que você possui cinco ou mais SINTOMAS da personalidade bordeline. O próximo passo é conversar com seu psiquiatra e com seu psicólogo para estabelecer o melhor plano de acompanhamento - normalmente, envolverá psicoterapia, medicação psiquiátrica e acompanhamento de outros profissionais, quando necessário.

Terapia Psicológica

A psicoterapia trabalha os desconfortos primários do borderline, ou seja, tudo aquilo que interfere nas situações da vida do paciente. O objetivo é uma vida equilibrada independente da situação em que o border se encontre, das suas companhias ou de suas frustrações.

Imagina tudo que você sente, mas multiplicado por cinco. Por vinte?! 😳 É meio assim que o borderline vive cada emoção.

Eu insisto na terapia e vou insistir sempre porque é nesse diálogo que você aprende a lidar com quem você é. A ideia não é anular seus sentimentos ou "tirar" o border de você, e sim te equipar com um monte de ferramentas que ajudarão na hora de administrar emoções, comportamentos, sensações ruins e tudo o mais que a vida pode trazer.

A psicoterapia ajuda na elaboração dos acontecimentos do dia a dia, estimula a autorreflexão e ensina o indivíduo a lidar com seus comportamentos e impulsos. Os medicamentos psiquiátricos entram de forma complementar; auxiliam no equilíbrio bioquímico, aliviando determinados sintomas.

Gosto de olhar para o tratamento do borderline como, na verdade, um acompanhamento. Embora o psicológico e o psiquiátrico sejam os mais comuns, muitas vezes, uma equipe multidisciplinar será necessária para auxiliar o border a lidar com a enxurrada de emoções que o inunda todos os dias.

Alguns exemplos de profissionais são psicólogos, psiquiatras, nutricionistas, cuidadores, etc. O motivo de tudo isso é que a personalidade borderline afeta a vida nos mais diferentes aspectos, então para cada um, a ajuda precisa ser de um jeito em particular.

O vínculo do paciente border com a equipe que o auxilia é de suma importância (isso inclui psiquiatra e psicólogo). Não desanime! A primeira consulta dificilmente será confortável. Persista.

O paciente borderline demanda um maior empenho das pessoas envolvidas em seu tratamento. Claro que existem exceções, mas em geral chegamos ao consultório desacreditados, achando que nada vai resolver o caos interno que somos obrigados a aturar. Para piorar, a primeira consulta geralmente ocorre por pressão de familiares, amigos, parceiros... quem nunca chegou para uma sessão de terapia querendo sumir? Eu já. 🤦‍♂️

A criação do vínculo, em especial com psicólogos, se dá por diversos fatores, desde a linha teórica utilizada até aspectos emocionais. Uma vez que o vínculo está estabelecido, o paciente passa a confiar no profissional, ansiar pelos encontros, ou pelo menos entender a importância de ir até lá e seguir com o tratamento - este, aliás, vai ser montado de forma individual, levando em consideração a realidade psicológica, biológica e social de cada paciente.

Medicação

Resumão dos remédios mais comuns utilizados para transtorno borderline. Ah, lembre-se: não se auto medique, confie em seu médico, faça terapia! O ajuste de medicações psiquiátricas é muito pessoal, assim, o seu médico psiquiatra precisa trabalhar com você para encontrar o remédio ideal. Lembre-se que a base do tratamento do borderline é a psicoterapia.

Os remédios mais comuns para borderline são estabilizadores de humor, ansiolíticos, antipsicóticos e antidepressivos.

💊 Estabilizadores de humor auxiliam no controle da impulsividade e nas oscilações de humor. Eles podem interferir na eficácia de anticoncepcionais orais e não são recomendados nos primeiros três meses de gestação.

💊 Antidepressivos por exemplo os chamados ISRS - inibidores selectivos da recaptação da serotonina - inibem a recaptação de serotonina, neurotransmissor que regula diversas funções e está relacionado também com a depressão.

💊 Antipsicóticos entram para auxiliar no controle de alterações cognitivas do indivíduo (dissociação, delírios, etc.) e ideações suicidas.

💊 Ansiolíticos normalmente são usados em fases agudas ou de crise e auxiliam com ansiedade, insônia, entre outros sintomas. O uso abusivo pode gerar dependência química.

Cada caso é um caso e exatamente por isso esses remédios são todos controlados. Procure um bom psiquiatra para te auxiliar na escolha do tratamento ideal. A terapia, em conjunto com os remédios, é fundamental.

Remédios psiquiátricos entram e saem da nossa vida aos poucos, nunca interrompa o tratamento sem falar com seu médico - você pode apresentar síndrome de abstinência, bem como retorno dos sintomas que o remédio estava tratando.

Não é vergonha nenhuma precisar de remédios para viver a vida de forma mais equilibrada. Procure ajuda! Os medicamentos atuais, quando bem ajustados, causam poucos efeitos colaterais perto dos benefícios e bem estar que trazem no nosso dia a dia.